XXVI Congresso da Sociedade Brasileira de Hipertensão

Dados do Trabalho


Título

USO DE ANTIPSICOTICOS ATIPICOS E RISCO DE HIPERTENSAO ARTERIAL - RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

Mulher, 53 anos, atendida com quadro de, há cerca de 10 dias antes da consulta, estar apresentado episódios de taquicardia, náuseas, cefaleia e PA elevada. No momento da consulta a PA estava em 210/110 mmHg. Ao exame físico: Frequencia cardíaca de 105 bpm, ausculta cardíaca e pulmonar normal. Não apresentava edema de membros inferiores. A paciente não referia hipertensão prévia. Fazia uso de sinvastatina para dislipidemia e havia iniciado há cerca de 40 dias aripripazol, um antipsicótico. Foi prescrito olmesartana 20 mg e solicitado exames. Após 2 meses a paciente retornou com os exames: perfil lipídico alterado, Glicemia de jejum 92, TSH 1,33, hemograma normal, sódio urinário= 100 meq/L. MAPA com média de 24 h- 150/100 mmHg. Ausência de descenso noturno. US renal normal. Ecocardiograma normal. PA em uso regular de olmesartana 20 mg, 156/92 mmHg. Aumentada dose de olmesartana para 40 mg e iniciado indapamida 1,5 mg. A paciente retornou após 20 dias com PA= 146/90 mmHg. Após autorização do psiquiatra, foi suspenso o aripripazol, mantido a medicação e a paciente retornou 15 dias depois com PA=120/80 mmHg. A MAPA de controle mostrava media de 24 h de 128/76 mmHg.

Discussão

Os antipsicóticos atípicos (AA) possuem perfis de efeitos adversos diferentes dos antipsicóticos típicos, sendo considerados no tratamento dos sintomas “negativos” das psicoses, como por exemplo, a esquizofrenia. O uso clínico de agonistas ou antagonistas dopaminérgicos pode alterar a regulação da pressão arterial (PA) levando à hipertensão. Sua farmacologia está relacionada com a ação hemodinâmica renal, bem como no transporte de íons e água. A dopamina exerce seu efeito através de uma família de receptores da pressão arterial acoplados à proteína G de superfície celular (GPCRs), classificados como D1-like (D1 e D5) e D2-like (D2, D3 e D4). Entre esses receptores, os D1, D3 e D4 interagem com o sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA), enquanto os receptores D2 e D5 interagem com o sistema nervoso simpático na regulação da PA. Por esses fatores, o uso clínico de agonistas ou antagonistas dopaminérgicos pode perturbar a regulação da PA levando a hipotensão ou hipertensão, respectivamente.

Comentários finais

O caso relatado e publicações levantadas trazem à luz a discussão sobre o uso dos AA e seus eventos adversos. Sempre que necessário o uso desses fármacos deve ser seguido de cuidadosa monitorização da pressão arterial.

Palavras Chave

1. Hipertensão; 2. Antipsicóticos Atípicos

Área

ÁREA CLÍNICA

Instituições

UNIFEV - São Paulo - Brasil

Autores

Beatriz Beretta Alves, Giovana de Pádua Oliveira, Milton Gabriel Moreira-Neto, Roberta Bonamim Fiorilli, Elizabeth do Espírito Santo Cestario