XXVI Congresso da Sociedade Brasileira de Hipertensão

Dados do Trabalho


Título

DILATAÇAO DE AORTA EM PACIENTE COM VALVA AORTICA BICUSPIDE E HIPERALDOSTERONISMO

Apresentação do Caso

P.A.G, feminino, 31 anos, procurou atendimento médico em 20/10/2016, com dor torácica, tontura, dispnéia e pressão arterial (PA) elevada, níveis médios de 160x100mmHg e picos de até 250x140mmHg, em uso irregular de losartan 100mg/dia. Ao exame físico: PA 160x90mmHg, sopro em foco aórtico: sistólico 2+/6 e diastólico 2+/6, pulsos periféricos simétricos, abdome inocente e sem edema de membros. Exames complementares prévios: Ecocardiograma transtorácico (07/03/2016)-dilatação do ventrículo esquerdo (55mm); valva aórtica bivalvular com insuficiência moderada e estenose discreta; Aorta ascendente com dilatação moderada (diâmetro de 45 mm); função do ventrículo esquerdo preservada e potássio (K) sérico baixo (2,8mEq/l). Diante do quadro, foi suspenso losartan, iniciado anlodipina 10mg/dia e solicitados novos exames laboratoriais: K sérico de 3,5mEq/l, aldosterona sérica elevada 20ng/dl, atividade de renina plasmática baixa 0,2ng/ml/h e relação aldosterona/atividade de renina de 100. Doppler de artérias renais normal. Após tais exames, foi iniciado espironolactona 50mg e otimizada dose para 100mg. A paciente retornou com PA de 120x68mmHg, ausculta cardíaca sem sopros audíveis. Nos retornos subsequentes, paciente manteve-se assintomática e PA controlada, níveis séricos de K normais e no ECO de 22/01/18, evidenciou diâmetro do VE de 49 mm, sem mudanças da lesão aórtica e da dilatação da aorta. A paciente foi orientada a usar contraceptivos e se desejar engravidar, comunicar para troca de antihipertensivo.

Discussão

Paciente jovem com dilatação de aorta significativa e duas comorbidades que podem interferir na evolução e tratamento. A presença de valva aórtica bicúspide é fator de risco independente para doenças da aorta, como dissecção, e condição específica para tratamento cirúrgico de acordo com diretrizes atuais. O hiperaldosteronismo, como causa de hipertensão secundária, pode atrasar e dificultar o tratamento da hipertensão, já que os antihipertensivos de primeira linha, não são eficazes para atingir metas adequadas de PA para quem apresenta dilatação da aorta. Neste caso, a paciente convive com as duas patologias sobrepostas, com aumento do risco de complicações.

Comentários finais

Neste acompanhamento de dois anos foi visto que o controle do hiperaldosteronismo e da PA proporcionou controle dos sintomas, normalizou o diâmetro do VE e estabilizou a dilatação da aorta, além de retardar o tratamento cirúrgico.

Palavras Chave

hiperaldosteronismo primário, hipertensão, dilatação de aorta, valva aórtica bicúspide, sopro, antihipertensivo.

Área

ÁREA CLÍNICA

Instituições

Faceres - São Paulo - Brasil

Autores

Nicole Rodrigues Cunha Resende Miranda, Victor Hugo Manzano Gonçalves Souza, Vanessa Venturim Souto, Thiago Buzon Borrasca