XVII Congresso Sul-Brasileiro de Oftalmologia

Dados do Trabalho


Título

RETINOBLASTOMA: DESAFIOS NA IDENTIFICAÇAO E NOTIFICAÇAO DE CASOS AO LONGO DA ULTIMA DECADA

Fundamentação/Introdução

O retinoblastoma representa 13% dos tumores malignos que surgem durante o primeiro ano de vida e sua taxa de incidência é aproximadamente de 1 em cada 15 mil nascidos vivos. Clinicamente, manifesta-se como leucocoria e constitui uma preocupação significativa na área de puericultura nos primeiros anos de vida, dado que, se não for tratado, a doença pode levar ao óbito.

Objetivos

Buscou-se analisar a incidência de casos de retinoblastoma e investigar as possíveis causas da diferença observada entre os períodos pré e pós-pandemia.

Delineamento e Métodos

Esse trabalho é estudo quantitativo, observacional e retrospectivo. Os dados foram retirados do Sistema Integrador RCH do INCA, no período de 2013 a 2022, coletaram-se todos os casos de Retinoblastoma sem diferenciação histológica e analisados em LibreOffice Calc.

Resultados

Foram obtidos 1666 casos de retinoblastoma, dos quais 55% eram masculinos e 45% femininos. A distribuição das idades foi de 1,89 ± 3,35 anos. Apenas 10,5% dos casos tinham histórico familiar de câncer. Sobre a apresentação da doença, 36,6% era no olho direito, 32,2% no olho esquerdo, 7,6%, bilateral e 23,6% dos casos não informaram a lateralidade. Além disso e, de acordo com os dados analisados neste trabalho, observou-se um impacto significativo na incidência de novos casos, comparado ao período pré-pandemia. Anteriormente, a média anual de novos casos era de 199, enquanto durante o período de 2020 a 2022, essa média diminuiu para 90 casos anuais. Sendo que o valor esperado de casos, com base no número de nascidos vivos, é de 189 casos anuais no Brasil. Tal diferença nos dados infere duas hipóteses: (1) a primeira hipótese é que o rastreio e o diagnóstico precoce estão defasados, ou seja, pode haver atrasos ou falhas no processo de identificação dos casos; (2) a segunda hipótese é que o sistema integrador de casos não está sendo adequadamente alimentado, o que levaria a subestimação de casos.

Conclusões/Considerações Finais

Em suma, os dados apresentados destacam a necessidade de uma investigação mais aprofundada para compreender as causas por trás da redução significativa na incidência de novos casos durante o período da pandemia. A adoção de políticas públicas de incentivo ao rastreio através da puericultura, bem como melhora da captação de dados poderiam melhorar tal cenário.
Referência: Gregersen PA, Urbak SF, Funding M, et al. Danish retinoblastoma patients 1943-2013 - genetic testing and clinical implications. Acta Oncol 2016; 55:412.

Palavras-chave

Retinoblastoma, puericultura, retina, diagnóstico precoce

Área

ONCOLOGIA OFTALMOLÓGICA

Autores

ELAINE WERNCKE, Bruna de Souza Brito, Eduardo Gasparin, Roberto Augusto Fernandes Machado