XVII Congresso Sul-Brasileiro de Oftalmologia

Dados do Trabalho


Título

TRANSPLANTE DE MEMBRANA AMNIOTICA PARA QUEIMADURAS DA SUPERFICIE OCULAR

Fundamentação/Introdução

As queimaduras oculares requerem tratamento imediato e representam um risco de perda visual devido a lesões imediatas e sequelas subsequentes. O tratamento envolvendo a membrana amniótica (MA) consiste na sua aplicação em uma área específica ou em toda a superfície ocular afetada (1,2). Acredita-se que a MA, atuando como uma membrana basal, contribui para a cicatrização da superfície e evita a infiltração de leucócitos, reduzindo assim a duração e gravidade do processo inflamatório (3). Além disso, tem capacidade de estimular a epitelização a curto e longo prazo, podendo ser útil para a cicatrização em casos de defeitos epiteliais persistentes (4).

Objetivos

Analisar os resultados morfológicos e funcionais a longo prazo do transplante de MA (TMA) após queimaduras químicas da superfície ocular.

Delineamento e Métodos

Estudo prospectivo com análise de 7 pacientes que sofreram queimaduras graves da superfície ocular e submetidos a TMA no período de 2018 a 2020. Foram analisados os critérios de melhora da AV, causa da queimadura, classificação de gravidade pela escala Roper-Hall e complicações no follow-up de 1 ano. A MA foi obtida a partir de cesarianas eletivas a termo e armazenada a -80°C. A técnica cirúrgica envolveu a fixação da MA na superfície ocular na córnea e na conjuntiva. A análise estatística foi realizada com os testes de Mann-Whitney, Wilcoxon e correlação de Spearman. Um valor de p < 0,05 foi considerado estatisticamente significativo.

Resultados

Dos sete pacientes, seis (85,7%) sofreram queimadura unilateral e um (14,3%) bilateral. Cinco deles sofreram queimaduras por álcali (71,4%), um por ácido (14,3%) e um por pólvora de fogo de artifício (14,3%). A média de idade foi de 29,4 anos (±DP 13,3, intervalo de 14,0 a 47,0 anos). Dois olhos foram classificados como Roper-Hall III (28,6%) e cinco como Roper-Hall IV (71,4%). A AV média na primeira apresentação foi de 1,83±0,79 logMAR (0,015 decimal) e a AV média após 1 ano foi de 0,85±0,70 logMAR (0,141 decimal). A AV melhorou significativamente de 1,83 ± 0,79 para 0,85 ± 0,70 logMAR (p < 0,05).

Conclusões/Considerações Finais

Nosso estudo demonstra o papel significativo do TMA como tratamento adjuvante no manejo de queimaduras químicas oculares. Além disso, nossos resultados mostram um benefício do TMA ao melhorar o resultado visual final a longo prazo. É importante enfatizar que, em nosso país, onde não existe o acesso a membranas sintéticas, a utilização de MAs doadas desempenha um papel crucial no tratamento de condições oculares graves, incluindo queimaduras químicas.

Palavras-chave

Membrana amniótica, queimadura ocular, superfície ocular, transplante de membrana amniótica

Área

EMERGÊNCIAS EM OFTALMOLOGIA

Autores

PAULA BASSO DIAS, MARIELA GHEM, ANNA CAROLINA BADOTTI LINHARES, ANA MARTINELLI, DANIEL WASILEWSKI