XVII Congresso Sul-Brasileiro de Oftalmologia

Dados do Trabalho


Título

CORREÇAO DE SIMBLEFARO, ECTROPIO E ENTROPIO EM UMA PACIENTE COM DIAGNOSTICO TARDIO DE ESPOROTRICOSE OCULAR

Fundamentação/Introdução

A esporotricose é causada pelo fungo Sporothrix spp. O aumento progressivo de sua incidência levou a Organização Mundial da Saúde a categorizá-la entre as principais moléstias tropicais negligenciadas para o período 2021-2030. Apesar de a forma cutânea ser a mais comum, é frequente o acometimento ocular, principalmente na forma de conjuntivite granulomatosa. Contudo, a similaridade com outras conjuntivites e o não reconhecimento da doença podem ocasionar um diagnóstico tardio, consequentemente aumentando morbidade e sequelas clínicas.

Objetivos

Relatar um caso de correção de simbléfaro, ectrópio e entrópio em uma paciente com diagnóstico tardio de esporotricose ocular.

Delineamento e Métodos

Relato de caso.

Resultados

Uma paciente hígida de 17 anos foi referenciada por um histórico de granulomas em pálpebra inferior (PI) direita, hiperemia ocular e secreção purulenta, com evolução de 7 meses. Relatava contato com gato doméstico com lesões típicas de infecção por esporotricose. Antes do encaminhamento ao CHC-UFPR foram prescritos pomadas e colírios combinados de antibiótico e corticoide, sem melhora.
Ao exame apresentava acuidade visual de 20/50 (OD) e 20/20 (OE), edema importante de pálpebras, hiperemia conjuntival, granulomas em conjuntiva tarsal superior e inferior, opacidades estromais discretas e ceratite punctata. O diagnóstico clínico-epidemiológico de esporotricose ocular foi estabelecido. Foram iniciados Itraconazol 200mg/dia, lágrimas artificiais e colírio de Prednisolona 10 mg/mL 6/6h, com melhora progressiva dos sinais.
Após resolução do edema palpebral, foi notado na PI direta ectrópio temporal e entrópio nasal, distiquíase, ptose moderada e simbléfaro importante. Depois de 6 meses de
antifúngico oral, a paciente foi submetida à cirurgia oculoplástica. Foi optado pelo tarsal strip para correção do ectrópio temporal. Um fuso de pele de 3 mm foi retirado abaixo da região nasal de PI, objetivando correção do entrópio. O simbléfaro foi abordado através da dissecção de conjuntiva bulbar e confecção de suturas de Snellen em PI para formação do fórnice, com retirada de aderências e confecção de retalho conjuntival de 12 mm para cobertura do defeito de esclera nua. A paciente evoluiu com melhora estética e funcional.

Conclusões/Considerações Finais

É importante o reconhecimento da esporotricose ocular pelo oftalmologista, haja vista que o diagnóstico tardio pode ocasionar sequelas clínicas consideráveis. Até o momento, este o primeiro relato na literatura expondo a abordagem oculoplástica de um caso de esporotricose ocular.

Palavras-chave

Esporotricose ocular, Conjuntivite granulomatosa, Sporothrix, Oculoplástica

Área

PLÁSTICA OCULAR E VIAS LACRIMAIS

Autores

NICHOLAS WISNIEWSKI SETTER, Germano Ramos Boff, Paula Basso Dias, João Vitor Russio, Deborah de Oliveira Veras