RADECO – Reunião Anual dos Dermatologistas da Região Centro-Oeste

Dados do Trabalho


Titulo

ESCABIOSE CROSTOSA EM LACTENTE TRATADA COM IVERMECTINA TOPICA: RELATO DE CASO.

Introdução

Escabiose crostosa ou norueguesa é uma forma severa e altamente contagiosa de infestação pelo parasita Sarcoptes scabiei. A incidência em crianças hígidas raramente tem sido reportada. O tratamento é laborioso e necessita de repetidas aplicações de escabicidas tópicos.

Relato de caso

A.V.C.P., feminino, 1 mês de vida, apresentava inúmeras pápulas eritematosas difusamente, intensamente pruriginosas, bem como crostas espessas e fissuras em mãos e pés. História gestacional e parto sem intercorrências. Foi inicialmente tratada em outro serviço com dexametasona tópica, hidroxizina e cefalexina, com agravamento progressivo do quadro. Não apresentava comorbidades ou alterações laboratoriais. Na sua primeira consulta no serviço, foi prescrito para a paciente permetrina 5% e ivermectina aos familiares, além de orientações gerais. Todavia, a paciente evoluiu com reação alérgica à permetrina após a primeira aplicação, sendo descontinuada. Foram, então, prescritos quatro ciclos de pasta d’água e enxofre precipitado 10% por três noites, com intervalos semanais. Após aproximadamente 8 meses do início do tratamento, evoluiu com persistência de algumas pápulas e crostas, principalmente em membros inferiores. Em vista disso, foi prescrito ivermectina tópica por uma noite, com reaplicação após uma semana. Após dois dias da primeira aplicação, a paciente apresentou melhora significativa das lesões, bem como do prurido. Recebeu alta ambulatorial após quatro meses do uso da ivermectina tópica, com remissão completa do quadro.

Discussão

Escabiose crostosa ocorre especialmente em adultos com comprometimento do sistema imune ou pela falta da remoção mecânica do parasita pelo ato de coçar, como em distúrbios neurológicos, resultando na proliferação desregulada do parasita no estrato córneo. É caracterizada por pápulas, placas ou nódulos hiperceratóticos, crostosos e difusos, com prurido mínimo ou ausente. Como visto no caso supracitado, escabiose norueguesa é tipicamente resistente ao tratamento tópico convencional (permetrina, enxofre, crotamitona) devido à hiperceratose que dificulta sua absorção. A ivermectina é mais utilizada por via oral, causando paralisia das funções motoras periféricas dos parasitas. Contudo, esta não é recomendada para crianças < 15 kg. A ivermectina tópica constitui uma opção terapêutica, porém são necessárias pesquisas mais aprofundadas para sua recomendação habitual.

Área

Dermatologia

Autores

Louise Habka Cariello, Ana Paula Avila Pinzon, Amanda Freitas Alves, Diéssica Gisele Schulz, Kalynne Duarte Varela Dantas, Camila Bocchi Siqueira, Carmen Déa Ribeiro De Paula